Como funciona o mercado de ações?

Artigo 7 de Jun de 2021

Para quem ainda não conhece, o mercado de ações lembra como se fosse um estrangeiro indo conhecer um novo país com língua que ainda não domina.

Não à toa, a ideia de investir na bolsa de valores assusta muita gente. Afinal, um movimento errado pode significar perder dias, meses, até anos de trabalho que foram necessários para juntar aqueles valores.

Há ainda a sedução "dicas quentes” com promessas de ganhos rápidos, mas que raramente se materializam. Não é surpreendente, então, que se diga que o pêndulo do sentimento de investimento oscila entre o medo e a ganância.

A realidade é que investir no mercado de ações traz risco, mas quando abordado de maneira disciplinada, é uma das maneiras mais eficientes de construir o patrimônio líquido. Para entender a mecânica do mercado de ações, vamos começar investigando a definição de uma ação e seus diferentes tipos.

Principais considerações

  • As ações de uma empresa representam o patrimônio líquido da empresa, o que dá aos acionistas direitos de voto, bem como uma reivindicação residual sobre os lucros corporativos na forma de ganhos de capital e dividendos.
  • Os mercados de ações são onde os investidores individuais e institucionais se reúnem para comprar e vender ações em um local público. Hoje em dia, essas bolsas existem como mercados eletrônicos.
  • Os preços das ações são definidos pela oferta e demanda no mercado à medida que compradores e vendedores fazem pedidos. O fluxo de pedidos e os spreads de compra e venda são frequentemente mantidos por especialistas ou formadores de mercado para garantir um mercado ordenado e justo.

O que são as ações

Uma ação (também conhecida como equity) é como o patrimônio de uma empresa, um instrumento financeiro que representa a propriedade em uma empresa ou corporação e representa uma reivindicação proporcional sobre seus ativos (o que possui) e ganhos (o que gera em lucros).

A propriedade de ações implica que o acionista possui uma fatia da empresa igual ao número de ações detidas como uma proporção do total de ações em circulação da empresa. Por exemplo, um indivíduo ou entidade que possui 100 mil ações de uma determinada empresa que ao todo tem um milhão de ações em circulação teria uma participação acionária de 10% nela. A maioria das empresas têm ações em circulação que chegam a milhões ou bilhões.

Ações ordinárias e preferenciais

Há dois tipos principais de ações, as ordinárias e as preferenciais, sendo que as ordinárias geralmente possuem valor de mercado e volumes de negociação maiores do que as ações preferenciais.

A principal distinção é que as ações ordinárias geralmente possuem direitos de voto que permitem que o acionista ordinário tenha uma palavra a dizer nas assembleias corporativas (como a assembleia geral anual). Nessas reuniões são abordadas questões, como a eleição para o conselho de administração ou nomeação de auditores, que são votadas. Já as ações preferenciais geralmente não têm direito a voto, mas têm esse nome porque têm preferência sobre as ações ordinárias de uma empresa para receber dividendos, bem como ativos em caso de liquidação.

Nos Estados Unidos é comum haver ativos cujas ações ordinárias são divididas em diferentes classificações. As ações de classe B normalmente são mais baratas, tendo prioridade de dividendo menor do que as de classe A e também menos votos. Vale ressaltar que as diferentes classes não costumam afetar a participação média do acionista nos lucros ou nos benefícios em geral da companhia. Algumas companhias oferecem ainda classes de ações C e D, que por sua vez são mais baratas do que as outras classes.

Eventualmente há programas de conversão de ações de classe B para a classe A após determinado período.

A intenção desse sistema é atrair investidores de diferentes tipos, sendo que investidores institucionais, como fundos de pensões, focando nas ações de classes A, enquanto as de classe B são voltadas para os investidores individuais (pessoas físicas).

Por que uma empresa emite ações

O gigante corporativo de hoje provavelmente teve seu início como uma pequena entidade privada lançada por um fundador visionário algumas décadas atrás. Pense em Jack Ma incubando o Alibaba Group de seu apartamento em Hangzhou, China, em 1999, ou Mark Zuckerberg fundando a versão mais antiga do Facebook de seu dormitório na Universidade de Harvard em 2004. Gigantes de tecnologia como estas se tornaram uma das maiores empresas do mundo em algumas décadas.

Mark Zuckerberg é fundador e CEO do Facebook, cujo valor de mercado recentemente superou os US$ 700 bilhões.

No entanto, crescer em um ritmo tão frenético requer acesso a uma grande quantidade de capital. Para fazer a transição de uma ideia germinando no cérebro de um empresário para uma empresa operacional, ele precisa alugar um escritório ou fábrica, contratar funcionários, comprar equipamentos e matérias-primas e estabelecer uma rede de vendas e distribuição, entre outras coisas. Esses recursos requerem quantias significativas de capital, dependendo da escala e do escopo do início do negócio.

Levantando Capital

Uma startup pode levantar capital a partir dos aportes dos sócios, vendendo equity (financiamento de capital) ou tomando dinheiro emprestado (financiamento de dívida). O financiamento de dívidas pode ser um problema para uma startup porque ela pode ter poucos ativos para penhorar em um empréstimo — especialmente em setores como tecnologia ou biotecnologia, em que uma empresa tem poucos ativos tangíveis. Além disso, os juros a serem pagos sobre o empréstimo imporiam um encargo financeiro em curto prazo, quando a empresa pode ainda não ter receitas ou ganhos.

O financiamento de ações, portanto, é a rota preferida para a maioria das startups que precisam de capital. O empresário pode inicialmente obter fundos de poupança pessoal, bem como de amigos e familiares, para fazer o negócio decolar. À medida que o negócio se expande e as necessidades de capital se tornam mais substanciais, o empresário pode recorrer a investidores-anjo e firmas de capital de risco.

Listagem de ações

Quando uma empresa se estabelece, pode precisar de acesso a montantes muito maiores de capital do que pode obter de operações em andamento ou de um empréstimo bancário tradicional. Ele pode fazer isso vendendo ações ao público por meio de uma oferta pública inicial (IPO). Isso muda o status da empresa de uma empresa privada cujas ações são detidas por alguns acionistas para uma empresa de capital aberto cujas ações serão detidas por vários membros do público em geral. O IPO também oferece aos primeiros investidores da empresa uma oportunidade de sacar parte de sua participação, muitas vezes obtendo rentabilidades muito boas no processo.

Assim que as ações da empresa são listadas em bolsa de valores e as negociações começarem, o preço delas flutuará conforme os investidores e corretores avaliam e reavaliam seu valor intrínseco. Há muitos índices e métricas diferentes que podem ser usados ​​para avaliar ações, dos quais a medida mais popular é provavelmente o índice Preço / Lucro (ou PE). A análise das ações costumam ser feitas a partir da análise fundamentalista ou análise técnica.

O que é uma Bolsa de Valores?

As bolsas de valores são mercados secundários, em que os atuais proprietários de ações podem negociar com potenciais compradores. É importante entender que as empresas listadas no mercado de ações não compram e vendem suas próprias ações regularmente (as empresas podem realizar recompras de ações ou emitir novas ações, mas essas não são operações do dia-a-dia). Portanto, quando você compra uma ação no mercado de ações, não a está comprando da empresa, mas de algum outro acionista existente. Da mesma forma, quando você vende suas ações, você não as vende de volta para a empresa mas para algum outro investidor.

Breve história sobre a origem das bolsas de valores

Os primeiros mercados de ações surgiram na Europa nos séculos XVI e XVII, principalmente em cidades portuárias ou centros comerciais como Antuérpia, Amsterdã e Londres. A maioria das empresas nesse momento incipiente das bolsas de valores eram consideradas organizações semipúblicas porque precisavam ser licenciadas por seu governo para poderem conduzir seus negócios.

Fundada em 1602 pela Companhia Neerlandesa das Índias Orientais, a Bolsa de Valores de Amsterdão é a mais antiga do mundo.

No final do século XVIII, os mercados de ações começaram a aparecer na América, com destaque para a Bolsa de Valores de Nova York e para a Bolsa de Valores da Filadélfia, que hoje é a Nasdaq .

No Brasil, as primeiras instituições têm origem em meados do século XIX, como as bolsas de valores sediadas no Rio de Janeiro e em Salvador, que, ao longo do tempo, foram renomeadas e fundidas com outras. No período recente, houve a queda da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ) em 1989, além do processo de integração dos mercados brasileiros de bolsas de valores a partir de 2000 e a estratégia de crescimento por fusão e aquisição da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

B3, a bolsa de valores oficial brasileira, sediada na cidade de São Paulo e a quinta maior bolsa de mercado de capitais e financeiro do mundo.

Regulamentação do mercado de ações

O advento dos mercados acionários modernos inaugurou uma era de regulamentação e profissionalização que agora garante que compradores e vendedores de ações possam confiar que suas transações serão realizadas a preços justos e dentro de um período de tempo razoável. Hoje, há muitas bolsas de valores em todo o mundo, muitas das quais estão interligadas eletronicamente. Isso, por sua vez, significa que os mercados são mais eficientes e mais líquidos do que no passado.

Na maioria dos países as bolsas de valores seguem normas de organizações que possuem o poder de criar e fazer cumprir os regulamentos e padrões da indústria. A finalidade é proteger os investidores por meio do estabelecimento de regras que promovam a ética e a igualdade. No Brasil, a instituição responsável por essa regulamentação é a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é uma autarquia vinculada ao Ministério da Economia do Brasil.

Como os preços das ações são definidos

Os preços das ações no mercado de ações podem ser definidos de várias maneiras, mas a forma mais comum é por meio de um processo de leilão em que compradores e vendedores colocam lances e ofertas de compra ou venda. Um lance é o preço pelo qual alguém deseja comprar, e uma oferta (ou pedido) é o preço pelo qual alguém deseja vender. Quando o lance e o pedido coincidem, uma negociação é feita.

O mercado geral é formado por milhões de investidores e corretores, que podem ter ideias diferentes sobre o valor de uma ação específica e, portanto, o preço pelo qual estão dispostos a comprá-la ou vendê-la. As milhares de transações que ocorrem à medida que esses investidores e corretores convertem suas intenções em ações, comprando e / ou vendendo uma ação, causam oscilações minuto a minuto durante o dia de negociação. Para participar, basta ter uma conta vinculada à uma corretora.

Oferta e demanda do mercado de ações

O mercado de ações também oferece um exemplo fascinante das leis de oferta e demanda no trabalho em tempo real. Para cada transação de ações, deve haver um comprador e um vendedor. Devido às leis imutáveis ​​de oferta e demanda, se houver mais compradores para uma ação específica do que vendedores, o preço das ações tenderá a subir. Por outro lado, se houver mais vendedores do que compradores, o preço tenderá a cair.

A diferença entre o preço de compra de uma ação e seu preço de venda ou oferta representa a diferença entre o preço mais alto que um comprador está disposto a pagar ou oferecer por uma ação e o preço mais baixo em que um vendedor está oferecendo o estoque.

Uma transação comercial ocorre quando um comprador aceita o preço de venda ou um vendedor assume o preço de oferta. Se os compradores forem mais numerosos que os vendedores, eles podem estar dispostos a aumentar seus lances para adquirir o estoque; os vendedores irão, portanto, pedir preços mais altos por ele, aumentando o preço. Se os vendedores forem mais numerosos que os compradores, eles podem estar dispostos a aceitar ofertas menores pelo estoque, enquanto os compradores também diminuirão seus lances, efetivamente forçando o preço para baixo.

Benefícios da listagem na bolsa de valores

O objetivo final de um empresário muitas vezes é fazer sua empresa crescer até que ela chegue ao patamar de ser listada em uma bolsa de valores. Afinal, os benefícios incluem:

  • Abrir o capital na bolsa significa liquidez imediata para as ações detidas pelos acionistas da empresa;
  • Ele permite que a empresa arrecade recursos adicionais e de forma célere a partir da emissão de mais ações (follow on).
  • Ter ações negociadas em bolsa facilita o estabelecimento de planos de opções de ações a fim de atrair funcionários talentosos, conhecido como Employee Stock Option (ESO);
  • As empresas listadas têm maior visibilidade no mercado; a cobertura dos analistas e a demanda de investidores institucionais podem elevar o preço das ações.

Problemas de abertura de capital na bolsa de valores

Contudo, pode haver algumas desvantagens em uma empresa abrir o capital na bolsa de valores, que incluem:

  • Custos significativos associados à listagem em uma bolsa, como taxas de listagem e despesas mais altas associadas à governança necessária para manter a conformidade e relatórios exigidos;
  • Regulamentações pesadas, que podem restringir a capacidade de uma empresa de fazer negócios;
  • O foco de curto prazo da maioria dos investidores, que pode forçar as empresas a tentar superar suas estimativas de lucros trimestrais em vez de adotar uma abordagem pensando em longo prazo para sua estratégia corporativa.

Investir em ações

Numerosos estudos mostraram que, durante longos períodos de tempo, investir em ações geram retornos de investimento superiores aos de todas as outras classes de ativos. Esses retornos se dão a partir dos ganhos de capital e dividendos.

Um ganho de capital ocorre quando você vende uma ação por um preço mais alto do que o preço pelo qual você a comprou. Já um dividendo é a parcela do lucro que uma empresa distribui aos seus acionistas

Há muito fascínio para se comprar ação de companhias ainda em estágio inicial e que se multiplicam, como Facebook, Apple, Amazon, ou, no caso brasileiro, em uma empresa como a Magazine Luiza, que multiplicou seus valores em poucos anos. Contudo, esses casos são raros.

Luiza Trajano é a presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, cujas ações valorizaram mais de 47.000% em apenas cinco anos.

Os investidores com perfil de risco maior e que querem se arriscar na renda variável precisam ter uma tolerância maior ao risco e buscar ações visando retornos com ganhos de capital em vez de dividendos. Por outro lado, os investidores que são mais conservadores e querem focar na busca por renda passiva podem optar por ações com um longo histórico de pagamento de dividendos substanciais.

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