3 dicas para investir melhor

Artigo 29 de Mar de 2021

Em um primeiro momento, investir pode parecer algo de outro mundo. Números, códigos, novos termos e palavras, regras e leis permeiam a vida dos novos investidores. Apesar de parecer complexo, investir na verdade é muito simples. Por isso, selecionamos 3 dicas para você investir melhor.

Mas atente-se: ser simples não significa que é fácil. É necessário conhecimento especializado e, principalmente, disciplina e dedicação.

1) Estabeleça seus objetivos

Se não temos um destino, qualquer lugar que chegamos está de bom tamanho. Concorda? Nos investimentos também é assim.

A primeira das dicas para investir melhor é ter clareza de onde e quando se quer chegar, quais são os riscos que se está disposto a correr e, principalmente, quanto tempo e energia você está disposto a empreender nos seus investimentos.

É importante que um dos principais objetivos seja manter-se investidor para a vida toda. Em outras palavras, não ser tirado do jogo. Isso porque investir é um jogo de sobrevivência, e quanto mais tempo se passa alocado, poupando e investindo, maior é o seu retorno em longo prazo.

O motivo para isso é que um investidor possui mais chance de sucesso quando o período é maior, não estando exposto às variações típicas do curto prazo, como turbulências políticas (como o Joesley Day em 2017, a revolta dos caminhoneiros em 2018, eleições presidenciais, etc). Quando se olha o cenário com perspectiva de longo prazo, isso muda. Para se ter uma ideia, o índice S&P ao fim de 1980 operava em torno dos 130 pontos e agora, em outubro de 2020, ele se aproxima dos 3.500 pontos, uma valorização acumulada de aproximadamente 2.550%, com média de 63,75% ao ano.

Assim, é necessário persistência para se manter alocado mesmo em períodos de baixa. Nesse sentido, uma estratégia eficiente para realizar aportes é a do Preço Médio.

2) Diversifique seus investimentos

Diversificação é a segunda das dicas para investir melhor. Esta é a chave para retornos consistentes em longo prazo. Na sua jornada como investidor, em algum momento se sentirá tentado em colocar todos seus ovos em uma única cesta. Mesmo que alguns momentos a decisão possa ser acertada, o problema reside no erro, pois isso pode te tirar do jogo.

Para exemplificar, vamos supor uma ação que pode crescer 10% ao ano, enquanto o mercado cresce apenas 5%. Mas o preço pago foi alto demais e a ação cai 50% no 1º ano. Assim, mesmo que a ação gere o dobro do retorno do mercado, levará mais de 16 anos para supera-lo.

Fonte: O Investidor Inteligente.

O gráfico prova como um grande erro em seu portfólio pode trazer uma defasagem considerável nos próximos anos, evidenciando que em caso de perda acentuada de dinheiro, precisará apostar ainda mais apenas para retornar ao lugar em que estava.

Assim, o ideal seria não perder grande quantia ao realizar um investimento, preferindo um risco menor, embora com menor retorno.

E, para isso, é necessário diversificar, de modo que estes erros graves não atinjam todo o seu portfólio, diversificando-os e, dessa forma, suavizando quedas acentuadas em sua carteira.

Portanto, se você perder muito dinheiro, precisará apostar ainda mais apenas para retornar ao lugar onde estava, obtendo rentabilidades menos satisfatórias e tendo de esperar anos até que o investimento retorne à quantia inicial. Ou seja, não diversificar pode impedir o seu principal objetivo – ser investidor para a vida toda.

Como diversificar

Em um portfólio de investimentos, é fundamental ter entre 10 e 20 ativos que sejam o máximo possível descorrelacionados entre si. Nesse sentido, é preciso buscar diversificar por classe de ativo (renda fixa, renda variável, investimentos alternativos), por setor, por geografia, por moedas etc. Isso lhe ajudará não apenaś a obter melhores retornos, mas ter uma carteira mais protegida.

O motivo para tanto é que se um setor não vai bem, por exemplo, você possui ativos de outros setores para recompensar seu desempenho negativo. Além disso, caso o mercado de renda variável em geral esteja em um momento de queda, você possuirá parte do seu patrimônio protegido em ativos de renda fixa. Quanto à geografia como fator de diversificação, deve-se levar em conta o risco intrínseco à determinados países. Caso uma região tenha graves problemas e as ações desempenhem mal, é importante que todo o seu patrimônio não esteja correlacionado ao desempenho deste mercado. O mesmo vale para a moeda, que pode sofrer oscilações a depender do momento.

Nesta crise, por exemplo, mesmo que você tivesse ações no Brasil, caso parte do seu portfólio estivesse dolarizada, a queda da carteira como um todo seria menos acentuada, visto que o real foi a moeda que mais se desvalorizou em relação ao dólar no ano: 28% até meados de outubro.

Dessa maneira, o gráfico à seguir ilustra bem como o aumento do número de ações na carteira tem o potencial de diluir os riscos:

Logo, tem-se que, de acordo com o gráfico, o risco não sistêmico representado pelo desvio padrão do portfólio (portfolio standard deviation) diminui a medida que o número de títulos em carteira (number of securities in portfolio) aumenta, até a 15° a 20° ação, quando o risco do portfólio já não é mais tão diluído com a elevação do número de ativos.

3) Tenha caixa para oportunidades

Por fim, a terceira das dicas para investir é: tenha caixa para oportunidades. O mercado financeiro é, no curto prazo, facilmente manipulado conforme as oscilações de humor dos investidores, e é no pânico que as oportunidades surgem.

Em momentos de baixa, a ideia é não se comportar como a manada e agir de maneira racional, não sendo tomado pelo pânico do momento, mas aproveitando os grandes descontos nas ações causados por ele.

Dessa forma, geralmente é indicado que se mantenha algum valor em caixa, aportado em um ativo de renda fixa ou semelhante, com liquidez diária. Por meio dessa estratégia, é possibilitado que estes recursos sejam usados quando a oportunidade bater na porta do investidor, como no início deste ano, em que grande parte dos ativos da bolsa estavam, inclusive, sendo negociados abaixo de seu valor patrimonial. Ou seja, caso a companhia fosse liquidada, os acionistas receberiam mais do que pagaram por ela.

Conclusões

Vale lembrar que em um contexto de juros baixos, nunca foi tão importante ter uma assessoria de investimentos. Antes, o conhecimento básico de renda fixa pós-fixada já rentabilizava o capital. Porém, agora é necessário um conhecimento muito mais amplo nas diversas classes de ativos do mercado.

Autor

Tiago Pessotti
Estrategista-chefe da APX Investimentos

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