Visão do Estrategista: entre riscos e oportunidades, o elefante na sala é o CDI

Análise 22 de Jul de 2021

A retomada econômica global segue forte. Com o auxílio de estímulos governamentais, ela tem dado o tom nas bolsas internacionais e estimulado o fluxo estrangeiro relevante para mercados emergentes.

Algumas tensões envolvendo cepas da Covid-19 deixaram investidores alertas, mas, em paralelo, o forte avanço da vacinação contribui para mitigar os riscos de novos fechamentos.

Às vésperas do início da nova temporada de balanços das empresas, a bolsa brasileira observa com atenção os rumos das propostas de reforma tributária e a escalada do aumento da taxa Selic pelo Banco Central, reforçando a atratividade de papéis de crédito bancário e corporativo atrelados ao CDI.

Cenário Internacional

As perspectivas de crescimento global seguem muito positivas, para além da ótica de curto prazo. Isso se dá especialmente em virtude de um forte ciclo de investimentos.

A economia dos países que integram a União Europeia, assim como o Reino Unido, ainda se encontram em estágio de aceleração, sendo esperado que alcancem o auge no terceiro trimestre deste ano. Já a economia chinesa sinaliza acomodação, pressionando por novos estímulos.

Os Estados Unidos, por sua vez, registraram o pico de seu crescimento, que tem sido acompanhado por preocupação inflacionária, havendo aumento do CPI (Índice de Preços ao Consumidor). Contudo, o Banco Central norte-americano (Fed) segue seu entendimento de que a inflação é temporária, sendo que há expectativas nos próximos meses para maior pressão em cima da inflação do aluguel. Espera-se a manutenção dos estímulos monetários ao menos pelos próximos quatro meses.

Nesse sentido, o Fed continua a compra de cerca de US$ 120 bilhões ao mês, sinalizando que também diminuirá esse volume mensalmente, sendo esperado que isso deva diminuir a partir de 2022.

No campo da vacinação, no Reino Unido a taxa percentual da população totalmente vacinada é de 54,4%, enquanto nos Estados Unidos a taxa de imunização se aproxima da metade da população, com 49,2%.

Cenário doméstico

A atividade econômica brasileira segue alta, com diversos indicadores demonstrando confiança na retomada econômica.

Há pressões de gastos para 2022, com forças políticas buscando uma reformulação do Bolsa Família, mas o cenário base é de respeito à regra do teto​ de gastos. Vale lembrar que os números da arrecadação federal surpreenderam, e haverá uma redução da dívida pública em 2021.

Na agenda de reformas, a capitalização da Eletrobras foi sancionada com 14 vetos, melhorando a redação do texto. Conforme já sinalizamos em Visão do Estrategista anterior, partidos de oposição ajuizaram ações no Supremo Tribunal Federal questionando a constitucionalidade da legislação.

Com o Congresso em recesso, há diversas agendas de reformas estruturais que ficaram para o segundo semestre. O maior destaque está na Reforma Administrativa, cujo parecer deve ser apresentado na primeira quinzena de agosto. Ressaltamos que, regimentalmente, há prazos para que a votação seja concluída no início de setembro, e seja encaminhada ao Senado para aprovação ainda em 2022.

O apetite ao risco global e uma forte atração do investidor estrangeiro continuam, havendo o retorno de uma agenda forte de IPOs no mercado acionário brasileiro.

Em relação aos riscos tributários, o relator Celso Sabino (PSDB-PA) apresentou relatório modificando a segunda fase da reforma tributária, retirando a tributação sobre fundos imobiliários, entre outras medidas. Contudo, há um forte lobby contrário à mudanças por parte de setores eventualmente prejudicados. Acreditamos ainda que uma ampla reforma tributária já para o início de 2022 pode gerar inseguranças jurídicas ante a ausência de previsibilidade para a contabilidade e planejamento tributário das empresas.

Na política monetária, diante da inflação acumulada de 12 meses estar superando a meta, espera-se novo aumento da Selic para 5% ou 5,25% já na próxima reunião do Copom, com o BTG Pactual projetando que ela chegue a 7,50% até o final de 2021, e a APX Invest acreditando em 7%. Além de diminuir os riscos inflacionários, a alta da Selic deve auxiliar a moeda brasileira a convergir em relação aos pares, valorizando o real frente ao dólar.

Já a média móvel de mortes caiu 80% no último mês, indo de 2 mil para 1,2 mil, mitigando os riscos de uma 3ª onda da Covid-19. Ainda no campo sanitário, a imunização da população está em 16,7%.

Alocações de recursos

O apetite global a risco tem beneficiado mercados emergentes, que já levantaram US$ 48,5 bilhões nos primeiros meses de 2021, enquanto os fundos globais captaram US$ 207,8 bilhões.​ No Brasil, as alocações em ações voltaram a subir para 15,7%, o maior patamar desde 2010.​

A B3 está em linha com média histórica, com um 14,9x Preço/Lucro. As Small Caps também estão no radar, enquanto ainda há espaço para o desenvolvimento de ações atreladas a commodities, embora com cautela.

Já na renda fixa, diante do ritmo mais acelerado da alta da Selic, a atratividade de papéis de crédito bancário e corporativo atrelados ao CDI foi reforçada. A demanda por esse indexador ainda não ganhou a devida tração no mercado de varejo, havendo ainda prêmios de crédito mais elevados do que deveriam em nossa visão.

É importante aproveitar as oportunidades em títulos de renda fixa pós-fixados, beneficiando-se das taxas ainda existentes, pois estas tendem a reduzir nos próximos três meses.

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