Livre mercado e mercado de capitais são essenciais para a prosperidade

Opinião 29 de Mar de 2021

Ao longo dos últimos dois séculos o livre mercado e o mercado de capitais se provaram uma ferramenta de redução de pobreza sem precedentes. No início do século XIX, quase 90% da população mundial ganhava menos de 1,90 dólares por dia, se enquadrando no critério de extrema pobreza. Em 2015, menos de 10% da população mundial encontrava-se nessa condição. E a projeção do Banco Mundial é de que ao final desta década o número caia para somente 3%.

Mas o que é o livre mercado? Segundo a Heritage Foundation, trata-se de uma região que tenha um estado de direito, com tamanho limitado, abertura de mercado e eficiência regulatória. A lógica é que a partir dessas instituições haja maiores incentivos e condições para os indivíduos arriscarem e empreenderem. Parafraseando Ayn Rand, ao retirar as amarras dos indivíduos, o processo de criação da mente humana fica livre para buscar evoluções.

É assim, por exemplo, que o mercado de capitais consegue atuar e se desenvolver, trazendo melhores soluções para alocar o estoque de capital e riqueza disponível. Ou seja, se permite que essa poupança financie novos negócios, infraestrutura, bens e serviços. Esse processo ajuda no enriquecimento de um país porque não basta apenas ter capital, ele precisa ser financiado de forma que dê mais resultados. A consequência é a criação de um ciclo virtuoso de prosperidade, em que os novos negócios gerados por sua vez aumentam o capital disponível. E estes ajudam a desenvolver ainda mais o mercado de capitais.

Não por acaso estudos demonstram a causalidade entre um mercado de capitais bem desenvolvido e o desenvolvimento econômico de um país. Mas não há como esse processo ocorrer sem que haja condições iniciais: o livre mercado.

Não existe livre mercado no Brasil

Contudo, nada disso é mais distante da realidade brasileira: como dizia Roberto Campos, historicamente “o livre mercado esteve mais longe do Brasil do que Plutão da Terra”.

Por exemplo, no ranking de liberdade econômica da própria Heritage, divulgado anualmente desde 1995, o Brasil nunca foi caracterizado como uma economia de livre mercado. Pelo contrário, especialmente na última década, o país amarga uma “economia majoritariamente não livre”, o que significa que há hostilidade em relação à produção de riqueza. No estudo de 2020, o país está apenas na 140º posição.

Não é coincidência que em outros levantamentos que analisam o ambiente de negócios, como do Banco Mundial, o Brasil está somente na 123º posição. Já no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, o país consta na 71º posição entre 141 países.

Não há tempo para reclamar

A despeito desse cenário, os empreendedores brasileiros no Brasil assumem riscos e são motor de crescimento, geração de empregos e desenvolvimento. Embora as evidências disponíveis apontem para o fato de que se houvesse mais livre mercado teríamos um mercado de capitais mais bem desenvolvido e, por consequência, maior prosperidade, este não é um texto de reclamação.

Isso porque a classe empresarial não deve atribuir ao Estado e aos governos a responsabilidade social pelas mazelas existentes, sob pena de retroalimentar a dependência por programas estatais e discursos populistas.

Pelo contrário, os empreendedores devem entender o papel relevante que possuem na sociedade, ajudando no debate acerca dos maiores problemas que assolam a sociedade brasileira e buscando pavimentar o caminho que permita, enfim, o desenvolvimento sustentável.

No Espírito Santo esse movimento passou a contar com o protagonismo do Líderes do Amanhã desde 2012, a qual tenho a honra de ser voluntário. A organização busca criar indivíduos pautados em valores sólidos e capazes de transformar e impactar o ambiente em que estão inseridos. E esta já gerou muitos resultados ao criar eco na sociedade civil.

Desde 2016 houve várias reformas estruturais que resultaram em melhorias do Brasil em rankings internacionais, como a reforma trabalhista, a regra do Teto de gastos e a reforma da previdência, entre outras. Esse processo precisa ser aprimorado a partir do diálogo entre a sociedade civil e os três poderes em direção a mais livre mercado, mais mercado de capitais e mais prosperidade. E o Líderes do Amanhã é parte essencial dessa história.

Autor

Fernando Cinelli
Presidente do Conselho da Apex Partners

Tags

Ótimo! Você se inscreveu com sucesso.
Ótimo! Agora, complete o checkout para ter o acesso completo.
Bem vindo de volta! Você fez login com sucesso.
Sucesso! Sua conta está completamente ativada, agora você tem acesso completo ao conteúdo.