O impacto social das Fusões e Aquisições em tempos de crise

Análise 29 de Mar de 2021

Em 2019, o Brasil bateu recorde do número de fusões e aquisições de empresas (M&A), quando comparado aos cinco anos anteriores, antes da crise de 2015. No total, foram 1.037 transações concretizadas, o que representou um crescimento de 23,7% em relação a 2018.

No início de 2020, as perspectivas apontavam para um novo recorde. Porém, esta possibilidade foi suplantada pela enorme incerteza decorrente da pandemia e da consequente devastação do caixa das empresas.

Desde então, inúmeras empresas entraram em insolvência, incapazes de honrar pagamentos a terceiros. Enquanto algumas sairão vivas da tempestade e outras serão adquiridas por consolidadores, muitas, infelizmente, não irão resistir.

É justamente neste ambiente de dificuldades, em meio à crise, é que o importante papel das fusões & aquisições ganha destaque.

O papel econômico e social das fusões e aquisições

Notícias e artigos sobre M&A, tipicamente, analisam as transações do ponto de vista de compradores e vendedores, sem avaliar seu efeito mais amplo. Afinal, como estas operações afetam a sociedade em geral?

Não à toa, a venda de empresas atrai atenção pública, devido à possibilidade de demissões e ao risco de concentração de mercado. Porém, estas também podem representar muitos benefícios.

Em momentos de crise, como o atual, aquisições podem salvar negócios em insolvência, garantindo sua sobrevivência, a manutenção dos empregos e dos atores ligados à empresa, livrando-os do pesadelo de um processo de falência.

No campo econômico e social, a injeção de liquidez aos vendedores faz a roda do capital girar. Assim, os recursos da venda são reinvestidos em novos negócios, empreendimentos e até em projetos sociais, gerando empregos e desenvolvimento.

Em alguns casos, as aquisições proporcionam ganhos de eficiência e de escala: sinergias estas que, se repassadas, podem reduzir o preço ao consumidor final. Nesse sentido, a consolidação de setores da indústria de alimentos é um exemplo deste racional de aquisição.

A atividade contribui ainda para a democratização de inovações que, graças a aquisições ou injeções de capital, podem ser disponibilizadas em maior escala.

Além disso, operações de M&A contribuem para a qualificação profissional, pois expõem equipes a novos estilos de gestão, promovem o compartilhamento de know-how e de melhores práticas. Criam, ainda, oportunidades de intercâmbio profissional e de mobilidade.

O acesso ao capital e à maturidade do mercado de M&A são correlacionados com a atividade empreendedora de um país. Afinal, ao enxergarem opções de saída futura do negócio, indivíduos sentem-se mais propensos a encarar os riscos de empreender.

Inclusive, talvez, esta seja a maior contribuição do instrumento das fusões e aquisições para desenvolvimento e constituição de um mercado livre e equilibrado.

M&A e responsabilidade social

Este olhar mais amplo sobre os efeitos das operações de M&A é objeto de estudo da Dra. Olimpia Meglio, da Universidade de Sannio, na Itália. Meglio é uma grande defensora da expansão do ângulo de análise sobre as aquisições, levando em conta a agenda de todos os atores e não somente dos acionistas.

Esta abordagem, além de socialmente responsável, aumenta as chances de sucesso das aquisições. Dessa forma, fica reconhecido o fato de que M&A e Responsabilidade Social Corporativa estão interligadas.

Por fim, uma vez que as empresas planejam suas transações com estes impactos positivos em mente, o intrínseco papel socioeconômico das fusões e aquisições é potencializado.

Autor

Alexandre Borborema
Head de finanças corporativas da Apex Partners

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