Opostos se opõem: inflação para cima e perspectivas de crescimento para baixo

Análise 6 de Set de 2021

Segunda-feira é dia de Relatório Focus, publicado pelo Banco Central. O levantamento semanal aponta as expectativas do mercado e da autoridade monetária para os principais indicadores macroeconômicos do país.

Os dados foram levantados na última semana, em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.

Primeiramente, a inflação segue sem dar trégua a autoridade monetária, que revisou para cima pela 22ª vez consecutiva o indicador dos níveis de preço da economia brasileira. Medido oficialmente pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as estimativas para o nível de preços no Brasil saiu de 7,27% para 7,58%.

Em relação à 2022, também houve alta, com as projeções revisadas de 3,95% para 3,98%.

Nesse contexto, vale lembrar que o BC obedece o sistema de metas de inflação, que estipula um alvo para a inflação de 3,75% em 2021 e 3,50% em 2022, com liberdade de flutuação em 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.

Por outro lado, em relação ao nível de atividade econômica, medido pelo Produto Interno Bruto, o PIB, as perspectivas ainda são de crescimento. Contudo, vale lembrar que esse movimento foi revisado para baixo, pela quarta semana consecutiva. Assim, para 2021, o crescimento esperado saiu de 5,22%, registrado no último levantamento, para 5,15%.

Já para 2022, espera-se uma expansão econômica de 1,93%, como registrado na última edição do Focus.

Ainda, com a expectativa de inflação em alta, a autoridade monetária reage com a elevação dos juros, visto que essa é a ferramenta básica de política monetária em uma economia. Dessa forma, no que tange a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, as estimativas voltam a apresentar alta, saindo do patamar de 7,50% ao ano em 2021, para fechar o ano em 7,63%.

Em relação ao ano que vem, as projeções também foram revisadas para cima, fechando 2022 à uma Selic de 7,75 ao ano.

Por último, em relação ao câmbio, que mede a relação de troca entre real e dólar, registrou-se aumento nas projeções para 2021: de R$ 5,15 para R$ 5,17. Entretanto, para 2022, as expectativas seguem no mesmo patamar da última apuração, em R$ 5,20.

Opostos se opõem

Na economia, inflação e crescimento econômico são opostos que se atraem ou se opõem. Isso porque momentos de expansão podem implicar em crescimento da inflação, dado o aumento da renda disponível e, consequentemente, do consumo.

Por outro lado, a inflação pode se tornar um impasse para o crescimento, dado que para controlá-la, o Banco Central aumenta o juros, que na ponta reduz o investimento e, por consequência tenda a contrair o PIB.

No momento atual, os opostos estão se opondo e as projeções para o PIB e para a inflação seguem chamando atenção.

Com o risco fiscal, movido pela falta de solução para resolver o problema dos precatórios e a indecisão em relação ao novo Bolsa Família (Auxílio Brasil), somado ao cenário hídrico, em que os reservatórios do país seguem em redução de níveis, e aos embates entre os poderes Executivo e Judiciário, a expectativa de inflação responde em alta, enquanto as projeções de crescimento caem.

Ainda, o dólar representa, de certa forma, uma medida de risco em relação ao país. Por isso, com os três fatores principais listados acima, com maior influência do risco fiscal e dos conflitos políticos, o risco de aportar recursos no Brasil sobe, e a taxa de troca com a moeda americana segue o mesmo movimento, funcionando como uma espécie de termômetro.

Por que você deveria acompanhar o Focus?

Além de ser uma prática comum entre os investidores, independentemente do nível de experiência, os quatro indicadores abordados no Relatório Focus refletem os movimentos atuais da economia brasileira.

Nesse sentido, a retomada econômica, o avanço na vacinação, o cenário hídrico, os riscos fiscais e a ameaça da variante delta do coronavírus impactam diretamente no seu bolso, nos seus investimentos e nos resultados da economia brasileira.

Além disso, o acompanhamento sintetiza as visões e projeções dos principais atores do mercado nacional sobre as principais variáveis econômicas do Brasil.

Ainda, o Relatório Focus também serve como base para a tomada de decisão em relação à política monetária do Brasil, principalmente nos ajustes na taxa Selic, a básica para o controle da inflação no país.

As decisões são tomadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom), uma entidade ligada diretamente ao Banco Central, que, entre outras projeções, utiliza o relatório para definir a meta da taxa de juros e apurar os rumos da economia do país.

Autor

Equipe Apex News

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