Carta do Economista: Guerra se junta a incertezas comerciais e fiscais

14 de Jul de 2025

Por Arilton Teixeira*

Em junho, às antigas incertezas quanto ao rumo das tarifas e do déficit fiscal nos USA, se juntou o início do conflito Israel-Irã-USA. Mas, os impactos deste conflito sobre os preços (de energia) tiveram curta duração, à medida que tende a ser resolvido rapidamente. Assim, com a economia do US mantendo o ritmo, o retorno dos títulos públicos dos USA estabilizaram, as empresas americanas valorizaram, mas o dólar caiu.

No Brasil, mantem-se cenário de menor crescimento e inflação. Mas, as idas e vindas com o aumento do IOF e IR e a expectativa de piora das contas públicas, voltaram a gerar incertezas. Com isto, o Ibovespa cai e o real perde valor frente ao dólar em meados do mês.

Mercado Externo

Em junho, as economias europeias (Reino Unido e Zona do Euro) continuaram em ritmo lento. Na China, os PMIs (Purchasing Managers Index) de junho continuam sinalizando baixo crescimento.

Nos USA, não houve alteração quanto as incertezas da política fiscal e comercial. Já os dados da economia sinalizam manutenção do ritmo, enquanto inflação tem alta em maio (CPI). Mas, aproxima-se o fim do período de suspensão das tarifas recíprocas (em 09/07) que foram, judicializadas e continuam sem prazo de solução.

Finalmente, o conflito Israel-Irã-USA, embora tenha expectativa de desfecho rápido gerou incertezas e aumentos nos preços de petróleo, que estão sendo rapidamente revertidos.

Com as incertezas fiscais e sobre tarifas, e ainda antes do início do conflito Israel-Irã-USA, o Fed manteve os juros, sinalizando que precisa de um cenário menos volátil antes de voltar a reduzi-los.

Com as disputas tarifárias nos USA estabilizando e o novo foco de incertezas advindo do conflito, o retorno dos títulos públicos dos USA caíram, as empresas valorizaram, mas o dólar se desvalorizou frente as moedas fortes.

Mercado Interno  

Segundo o Focus, para 2025, a inflação esperada é 5.24% (era 5.50% há um mês). O crescimento esperado está em 2.21% (era de 2.14% há um mês). Já a Selic esperada para dezembro de 2025 está em 15.0%% (era 14.75% há um mês).

Os dados indicam perda de ritmo da economia em 2025. Em abril, a produção industrial tem queda anual, mas as vendas no varejo e o setor de serviços crescem. Entretanto, o setor agropecuário, que puxou o PIB no 1º semestre, tende a ter menor crescimento no resto do ano.

Já inflação voltou a cair. O IPCA de maio teve alta anual de 5.32% e o IPCA-15 de junho foi de 5.27%. Com isto, a expectativa é de que o COPOM não fará novas altas da Selic em 2025.

Mas, em meados de junho, o risco fiscal volta a pressionar, devido o orçamento e as idas e vindas na tentativa de aumentar o IR e o IOF (derrubado pelo Congresso em fins de junho). Com isto, o dólar sobe, as empresas perdem valor e a curva de juros volta a abrir.

Para 2025, as perspectivas de crescimento e dos preços dos ativos continuam dependendo: (i) da estabilidade política interna e do avanço das reformas; (ii) do controle do risco fiscal e tributário; (iii) da política monetária e comercial nos USA.

O cenário americano vinha permitindo a valorização do real e dos ativos no Brasil. Contudo, como sempre alertamos, o risco fiscal poderia voltar a pressionar. Foi o que aconteceu em meados de junho, quando o governo voltou a apontar novos aumentos dos impostos como única alternativa para o controle do déficit, a despeito da já elevada carga tributária.

Quer ter acesso à Carta de julho completa?

Clique aqui e seja o investidor mais bem informado que você conhece!

*Economista-chefe da Apex

Ótimo! Você se inscreveu com sucesso.
Ótimo! Agora, complete o checkout para ter o acesso completo.
Bem vindo de volta! Você fez login com sucesso.
Sucesso! Sua conta está completamente ativada, agora você tem acesso completo ao conteúdo.