Queda dos juros e avanço das negociações comerciais dos USA mantêm a valorização dos ativos
Por Arilton Teixeira*
Sem a publicação dos dados nos USA (devido o “shutdown”) e com acirramento das disputas US-China, o mês de outubro começa com mais volatilidade, queda no valor das empresas e aumento do dólar (DXY). Mas, no decorrer do mês, com a volta das negociações com China, novos acordos com o leste asiático e a lucratividade reportadas no T3 pelas empresas nos US, o mercado de ações retoma tendência a valorização e o dólar estabiliza.
No Brasil, os ativos acompanharam os preços internacionais. Assim, no início de outubro o Ibovespa cai e o dólar sobe. Mas, com a reaproximação e avanço das negociações comerciais US-Brasil e a lucratividade das empresas brasileiras no T3, o Ibovespa valoriza e o dólar cai.
Mercado Externo
Em outubro, os dados mostram crescimento estabilizado em patamar baixo (1.3%) na Zona do Euro. Na China o crescimento anual cai para 4.8% até o T3.
Nos USA, não foram liberados os dados de mercado de trabalho, do PIB e do PCE no T3 (devido ao “government shutdown”). Mas, a evolução das negociações comerciais US-China, o avanço de novos acordos comerciais com o leste asiático (e Brasil) e a lucratividade reportada pelas empresas nos US no T3 mantiveram a tendência de valorização das ações.
Apesar do otimismo no mercado americano em outubro, a inflação (CPI de setembro) voltou a subir (Gráfico I). Assim, a despeito do corte dos juros em outubro, o Fed alerta que fica reduzida a possibilidade de um novo corte em dezembro.
O Fed também anunciou o fim do QT (“Quantitative Tightening”) a partir de dezembro. Além disto, os MBS (“Mortgage-backed securities”) serão substituídos, à medida que vencem, pelos “treasuries”. Com isto, na prática, o Fed pode fazer novas compras de até $2 tri em “treasuries” (estoque de MBS em 22/10), podendo usar estas compras para reduzir o “term premium” e os retornos pagos pelos “treasuries” longos (10, 20 e 30 anos).
Finalmente, em novembro, a Suprema Corte dos USA começa a analisar o caso das tarifas impostas por Trump. Se forem eliminadas, devem cair a inflação e juros. Mas, a incerteza quanto os rumos da política comercial tendem a continuar afetando os investimentos e o crescimento.
Mercado Interno
Segundo o Focus, para 2025, a inflação esperada é 4.56% (era 4.81% há um mês). O crescimento esperado está em 2.16% (como há um mês). Já a Selic esperada para dezembro de 2025 está em 15.0%% (como no mês anterior).
A economia em 2025 continua a crescer em ritmo menor. Os PMIs (“Purchasing Managers' Index“) estão abaixo de 50 e o crescimento anual do setor de serviços vêm em queda (Gráfico II).
A inflação voltou a cair com as mudanças de bandeira de energia. O IPCA de setembro teve alta anual de 5.17% e o IPCA-15 de outubro foi de 4.94%. Com isto, aumenta a possibilidade do COPOM reduzir a Selic nos próximos encontros.
Em outubro, do lado fiscal, a MP 1303 foi rejeitada pelo Congresso, impedindo novo aumento de impostos, mas, o PL do IR estabelecendo dupla taxação dos dividendos, foi aprovado na Câmara. Por fim, avançaram as negociações comerciais Brasil-US, podendo reduzir as tarifas de importação impostas pelos USA.
Para 2025-26, as perspectivas de crescimento e dos preços dos ativos continuam dependendo: (i) da estabilidade política interna e do avanço das reformas; (ii) do controle do risco fiscal e tributário; (iii) da política monetária e comercial nos USA.
Para os próximos meses, já precificado o risco fiscal, novos déficits fiscais não devem ter efeitos nos preços (como em setembro). Mas, no próximo ano, o mercado deve começar a precificar a eleição (ou seja, o risco fiscal para o próximo mandato) o que pode gerar volatilidade.
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*Economista-chefe da Apex