O futuro agora

14 de Abr de 2022

Por Rodrigo Miranda*

Buscar a transformação por conta própria, e não esperar pelos outros. Essa é a grande chave que mudou a história da minha vida – e que pode ajudar a mudar a de tantos outros empreendedores capixabas. A Zaitt e a Shipp (agora, Americanas Delivery) são dois exemplos de que o Espírito Santo, sem dúvidas, tem um enorme potencial para ser o estado mais inovador do país.

Temos uma posição geoeconômica privilegiada - próxima dos grandes centros do país e acessível por terra, mar ou ar -, uma economia estável e grandes indústrias. No entanto, é indiscutível que existe a necessidade de mudanças, inevitáveis e urgentes, e principalmente de investimentos humanos, financeiros e políticos.

Como tudo começou: o surgimento da Zaitt e da Shipp

A Zaitt não nasceu como uma loja autônoma. Após terminarmos a faculdade de engenharia mecânica em 2015, eu e meus três sócios - Tomás Scopel, Mário Miranda e Renato Antunes Jr., percebemos que não queríamos trabalhar na indústria e decidimos seguir pelo caminho do empreendedorismo. Resolvemos, então, solucionar um “problema” próprio: comprar bebidas sem sair de casa e receber com qualidade e rapidez.

A ideia, inicialmente, era criar uma empresa e ganhar dinheiro levando praticidade para quem estava em casa. O nosso diferencial era a proposta de entregar os produtos em menos de 40 minutos e, para isso, nos dividíamos entre todas as funções da empresa, desde estocar os itens até cuidar da logística de entrega com nossos próprios carros. Tudo era feito por nós, já que naquele momento não tínhamos recursos para contratar funcionários.

Com o tempo, o delivery de bebidas se tornou uma loja física, que também vendia itens como chocolates e salgadinhos. Nosso desafio era tornar o negócio mais inovador, então tivemos a ideia de abrir sem ninguém para operar, criando um “mercado inteligente” que foi amplamente noticiado como a primeira loja autônoma da América Latina. Toda a jornada, desde a entrada feita com a leitura de QR Code e a própria finalização da compra, era feita pelo próprio cliente por meio de um app.

Ao mesmo tempo, um mentor disse que minha missão era pensar em um negócio que quebraria o meu. Começamos a idealizar o “delivery do futuro”. Na época, só existia o Ifood, que entregava apenas produtos de restaurantes cadastrados. Foi aí que criamos a Shipp, um delivery de tudo: o usuário acessava o app e selecionava produtos de restaurantes, bares, farmácias, lojas de pets e diversos outros estabelecimentos. O entregador mais próximo coletava o pedido na loja e o levava às mãos do cliente.

Turning point e o dia “D”

É quase impossível contar a história de uma sem citar a outra. Eram dois negócios muito desafiadores. Para dar conta de todas as funções, nos dividimos entre as duas empresas – apenas eu fiquei nas duas, já que estava à frente das relações com investidores. Entre 2017 e 2018, realizamos inúmeras rodadas de investimentos e colecionamos sócios-investidores, tanto do ES como de outros estados.

Nesse momento, por conta desses investimentos, a Zaitt já tinha quintuplicado seu faturamento na loja autônoma da Praia do Canto e a Shipp já batia cerca de R$ 1 milhão, um crescimento muito acelerado. No final de 2018, um momento que pode ser considerado um turning point em toda a nossa história: fizemos uma grande captação para a Zaitt e decidimos abrir a primeira loja fora de Vitória.

Não tinha como ser diferente, a nossa primeira parada fora do ES tinha que ser em São Paulo. A localização? Em uma tradicional rua de varejo no Itaim Bibi, em um ponto comercial exatamente em frente a um Carrefour Express, uma escolha um tanto quanto audaciosa – talvez até provocativa - para quatro jovens recém-chegados em terras paulistas.

A ideia era justamente provocar o mercado, gerar buzz. E deu certo: um mês antes da inauguração, recebi uma ligação da então CEO do Carrefour nos propondo uma parceria: eles ficariam com suporte logístico e abastecimento da loja enquanto nós cuidaríamos da tecnologia. Firmamos um acordo de parceria operacional com esse gigante do varejo, somando inúmeros pontos positivos para os dois lados: para nós, logicamente, pelo impulsionamento da marca e, para eles, pela primeira operação autônoma do Carrefour em todo o mundo.

Primeira loja da Zaitt em São Paulo

Pandemia, reestruturação e destaque na Forbes

Adiantando um pouco mais no tempo, em 2020 - na contramão do mercado - quase quadruplicamos o nosso faturamento, afinal, estávamos no centro das soluções requisitadas para a pandemia: compra sem contato físico e delivery. Mas, como em toda a nossa trajetória, não nos contentamos apenas com o que o mercado dizia. Entramos em 2021 concluindo a venda da Shipp para a Americanas e startando o projeto de franquias da Zaitt.

O cenário atual é de reestruturação completa: em menos de um ano, saímos de 3 lojas para 62 contratos de franquia (dessas, 18 inauguradas pelo Brasil e o restante já em implementação). Nesse novo modelo, nosso business é de franqueadora de lojas autônomas por todo o país, e a meta do ano é fechar 130 novos contratos.

A velocidade e a consistência que construímos nossos negócios, especialmente em um mercado tão tradicional como o varejo, sem dúvidas foi o que chamou a atenção da Forbes para o recente destaque no Forbes Under 30. Esse reconhecimento é fruto de esforço de muita gente, entre eles, meus sócios, colaboradores e investidores.

Inovação é a chave!

Nós viemos da engenharia, do varejo, um mercado muito tradicional. Mas, desde sempre, o nosso foco foi aprender com o cliente final, e não com as regras do mercado. Aliás, esse talvez seja o maior driver de inovação que uma empresa pode ter. Em vez de olhar somente para o que os concorrentes estão fazendo, buscar entender o que o cliente quer: afinal, o que está faltando para ele? O que ele julga como “errado” no mercado? Onde ele está sendo mal atendido?

Atualmente, além de tocar os meus negócios, atuo como conselheiro de outras empresas – entre elas, 5 capixabas - azeitando a relação entre fundadores e investidores. Um problema muito grande é que, via de regra, o fundador e o investidor não falam a mesma língua. Eu aprendi isso a duras penas e hoje consigo facilitar esse tipo de relação. É uma forma de devolver para o mercado, especialmente o capixaba, todos os aprendizados de todos esses anos.

E você, está pronto para criar as suas próprias regras?

*Capixaba, fundador das empresas Zaitt, Shipp e Packk e colunista convidado da Apex News

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