Conheça as certificações para atuar no mercado financeiro

O mercado financeiro conta com profissionais das mais diversas funções. E, para poder atuar em algumas delas, é necessário ter alguma espécie de certificação. Além disso, ainda há títulos que são importantes sinalizações de conhecimento, credibilidade e confiabilidade para o mercado.

Estas certificações são emitidas por entidades credenciadoras, como Anbima, Ancord e Apimec, e atestam a proficiência dos profissionais do mercado financeiro.

Conheça as principais.

Ancord

O exame, promovido pela Ancord, objetiva atestar a qualificação técnica do Agente Autônomo de Investimento (AAI). Basicamente, o AII tem a função de informar, esclarecer e ser o intermediário entre corretora e cliente. Ainda, ele não pode indicar e recomendar produtos.

A partir da aprovação na prova da Ancord, é possível obter o registro para o exercício da atividade perante a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Neste caso, é obrigatório possuir a certificação para atuar formalmente como agente autônomo, como prevê a Resolução nº 2.838 de 2001 do Banco Central.

Após a obtenção do registro, o certificado é válido por um ano, em caso de não atuação na profissão. Já em caso de contratação por uma corretora, a partir do registro junto à CVM, é cobrada uma taxa de R$634,63 trimestralmente.

Atualmente a prova pode ser feita online ou presencial, e conta com 80 questões de múltipla escolha, com duração máxima de 2 horas e 30 minutos, sendo necessário atingir, no mínimo, 70% de acertos para a aprovação. A avaliação engloba as funções do AAI, além de conhecimentos sobre o mercado financeiro e do mercado de capitais, os produtos de investimentos, noções básicas sobre economia e conhecimento sobre as diretrizes impostas pelos órgãos reguladores.

As inscrições podem ser realizadas no site da Ancord, mediante o pagamento da taxa de R$460,00.

CPA-10 E CPA-20

A CPA-10 e CPA-20 são consideradas portas de entrada no mercado financeiro. Elas são aplicadas pela Anbima, entidade autorreguladora do mercado financeiro que atua de forma independente. Elas têm como objetivo certificar a atuação dos profissionais de distribuição de produtos de investimento em agências bancárias e afins.

Porém, há uma pequena diferença entre ambas. A CPA-10 é destinada aos profissionais que atendem ao público em geral, sem categorização de renda. A CPA-20, por outro lado, destina-se especificamente à atuação com clientes que possuem renda mais alta. Assim como o AII, os profissionais certificados não podem indicar investimentos, possuindo uma função mais informativa.

A prova da CPA-10 tem duração de 2 horas e 50 questões de múltipla escolha, sendo necessário um mínimo de 70% de acertos para a aprovação, enquanto a CPA-20 possui 60 questões e 2 horas e 30 minutos para a realização. O percentual de aproveitamento necessário é o mesmo.

Quanto à validade do certificado, ambas possuem prazo de cinco anos se o profissional for vinculado a instituições financeiras, devendo ser renovado após este período por meio da realização de curso de atualização da Anbima. Mas, em caso de não vinculação, o prazo passa a ser de três anos.

As inscrições podem ser feitas pelo site da Anbima (CPA-10 e CPA-20), podendo agendar o exame também de forma online. A primeira custa R$ 284,00 para associados e R$ 342,00 para não associados. Já a segunda custa R$ 448,00 para associados e R$ 537,00 para não associados.

CEA

A CEA (Certificação de Especialista em Investimentos) é semelhante a CPA-10 e CPA-20, também aplicada pela Anbima, mas com o plus de ser permitido a este profissional indicar investimentos, sendo que eles geralmente assessoram gerentes de contas na seleção de ativos.

A prova tem 70 questões, com duração de 3 horas e 30 minutos. Também é necessário um mínimo 70% de acertos para a aprovação e abrange sete áreas de conhecimento. São eles: Sistema Financeiro Nacional e participantes do mercado; princípios básicos de economia e finanças; instrumentos de renda fixa, renda variável e derivativos; fundos de investimento; produtos de previdência complementar; gestão de carteiras e riscos; e planejamento de investimento.

A inscrição é feita por meio do site da Anbima, e custa R$ 749 para os profissionais de empresas associadas à Anbima e R$ 899 para o restante. Além disso, o agendamento da prova também é feito pelo próprio site, de acordo com as datas disponíveis e a disponibilidade do candidato.

A validade desta certificação é de três anos para profissionais aprovados e de cinco anos para os profissionais certificados, ou seja, aqueles que trabalham em alguma instituição participante.

CFG

A CFG (Certificação ANBIMA de Fundamentos em Gestão) é destinada à iniciantes na área de gestão de recursos de terceiros, principalmente cargos em gestoras, na área de asset management.

A CFG é pré-requisito para a realização da CGA e da CGE, mas não é obrigatória para nenhuma função e nem habilita para a atuação como gestor. Esta é uma certificação nova, sendo que seu primeiro exame foi aplicado em março de 2021.

A prova é composta por 60 questões a serem resolvidas em até três horas, com aproveitamento mínimo de 70% para aprovação. Além disso, as questões abrangem 12 áreas de conhecimento. São elas: métodos quantitativos; economia; análise de relatórios financeiros; finanças corporativas; mercados e instrumentos financeiros; teoria moderna de carteiras e modelos de precificação de ativos; finanças comportamentais; política de investimento; alocação de ativos; novas tecnologias em finanças; ética e autorregulação; e legislação e regulação.

As inscrições para a prova também podem ser feitas pelo site da Anbima e possuem um custo de R$ 500,00 para profissionais de empresas associadas à Anbima e R$ 600,00 para o restante.

CGA

A CGA (Certificação de Gestores Anbima) é destinada para profissionais que pretendem atuar como gestores de recursos de terceiros. Isto é, gerir produtos de investimento como fundos de investimento de renda fixa, de ações, cambiais e multimercados. Assim, ele realiza o balanceamento de custos, oportunidades e riscos frente à performance de ativos para que sejam alcançados os objetivos da organização.

Para realizar o exame, há pré-requisitos: possuir CFG, CFA ou CAIA. Após, basta inscrever-se pelo site da Anbima, mediante o pagamento de R$ R$ 573,00 para profissionais vinculados à instituições associadas e de R$ 688,00 para os demais. A prova tem duração de 2 horas e 30 minutos e conta com 45 questões de múltipla escolha. Para ser aprovado, é necessário obter no mínimo 70% de acertos.

A estrutura da prova é composta por seis áreas de conhecimento: gestão de carteiras de renda variável; gestão de carteiras de renda fixa; investimentos no exterior; avaliação de desempenho; gestão de risco; e legislação, regulação e tributação.

CGE

A CGE (Certificação de Gestor para Fundos Estruturados) também é aplicada pela Anbima. Ela habilita os profissionais a atuarem com gestão de recursos de terceiros na indústria de produtos estruturados. Dessa forma, o profissional certificado poderá gerir fundos imobiliários, fundos de investimento em participações (FIPs) e fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDC).

O pré-requisito para a realização do exame é possuir a certificação CFG, CFA ou CAIA. As inscrições podem ser feitas também por meio do site da Anbima, com datas definidas, as quais o candidato poderá escolher. A taxa de inscrição é de R$ 573,00 para não associados e de R$ 688,00 para associados.

Sua prova possui 45 questões, com duração de 2 horas e 30 minutos. Além disso, o mínimo de acertos é de 70%. São oito as áreas de conhecimento cobradas: investimentos imobiliários; private equity; securitização de recebíveis; fundos de índice; investimentos no exterior; avaliação de desempenho; gestão de risco; e legislação, regulação e tributação.

CNPI

A CNPI (Certificação Nacional do Profissional de Investimento) é obrigatória para a atuação como analista de valores mobiliários. Estes profissionais têm a função de elaborar relatórios de análise destinados à publicação, divulgação ou distribuição a terceiros. A Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) é a responsável pela aplicação do exame, em parceria com a Association of Certified International Investment Analysts (ACIIA).

O pré-requisito para a realização do exame aqui é possuir alguma formação em ensino superior, independentemente da área do curso. A prova é composta por 60 questões de múltipla escolha, com duração de 2 horas.

Entretanto, há três categorias desta certificação: CNPI, CNPI-T e CNPI-P. A CNPI é voltada para a atuação com análise fundamentalista, observando demonstrativos financeiros e informações contextuais sobre a economia e o mercado, e devendo ser aprovado nos testes CB e CG1.

Já a versão CNPI-T é voltada para analistas técnicos, observando padrões gráficos, e sendo necessária a aprovação nos testes CB e CT1. Por fim, a CNPI-P é para os analistas plenos. Isto é, aqueles que irão atuar tanto com análise fundamentalista, quanto técnica, devendo ser aprovado nos testes CB, CG1 e CT1.

A prova CB verifica conhecimentos em conteúdo brasileiro, a CG1 verifica conhecimentos em conteúdo global, e a CT1 verifica conhecimentos em conteúdo técnico. Vale lembrar que após realizar o primeiro exame, o candidato tem doze meses para realizar o próximo.

As inscrições também são feitas online, pelo site da Apimec, e é necessário o pagamento de uma taxa de inscrição no valor de R$ 457,00 a R$ 762,00 de acordo com o exame. Por fim, para a manutenção da certificação, é necessário pagar uma taxa trimestral de R$ 239,00 à Apimec, além de realizar exames de reciclagem.

CFP

A CFP (Certified Financial Planner), uma das certificações mais reconhecidas no Brasil, não é obrigatória para nenhum cargo, mas certifica como planejador financeiro e de alocação de ativos internacionalmente. A responsável pelo processo de aprovação é a Associação Planejar.

O planejador financeiro atua aconselhando seus clientes para atingir objetivos financeiros, contribuindo para a elaboração de orçamentos e garantindo o equilíbrio nas finanças. O planejador financeiro empresarial, especificamente, busca construir um planejamento estratégico para a organização, com metas financeiras de curto e longo prazo, baseando-se em: fluxo de caixa, projeção de cenários, investimentos, gerenciamento de dívida, receita projetada, projeções de caixa e resultados.

Para tornar-se um profissional certificado é necessário possuir ensino superior completo, reconhecido pelo MEC; comprovar experiência profissional de exercício da atividade de planejador; e, claro, ser aprovado no exame.

A prova, então, é dividida em seis módulos, com 140 questões e quatro opções de resposta. Ela pode ser realizada de forma conjunta ou em módulos, os quais devem ser completados em no máximo 24 meses. Em geral, a prova completa tem duração de 7 horas e 5 minutos e intervalo de 1 hora e 30 minutos. O valor a ser pago para a realização é de R$ 1.300 para fazer a prova em um dia, ou de R$ 350 por cada módulo.

No caso de fazer toda a prova em um dia, é necessário um mínimo de 70% de acertos, ou 98 questões, com mais de 50% em cada módulo. Por outro lado, no exame modular, é necessário acertar 70% em cada módulo.

Por fim, há a manutenção da certificação a cada dois anos, em que deverá ser cumprido um total de 30 créditos de educação continuada.

CAIA

A Chartered Alternative Investment Analyst (CAIA) é bastante específica e reconhecida internacionalmente. Ela se destina a quem pretende comprovar capacidade técnica para analisar e recomendar investimentos menos convencionais, ou alternativos, sendo possível se especializar em: real estate, private equity, commodities, hedge funds e managed futures.

Os profissionais que passam pelo exame CAIA podem atuar em diversas áreas do mercado financeiro, sendo que gerentes de risco e de portfólio são bem mais reconhecidos ao possuírem o CAIA.

O exame é aplicado duas vezes por ano, em março e setembro, possuindo dois níveis. O primeiro com 200 questões de múltipla escolha e 4 horas de duração e o segundo dividido em duas partes. A primeira possui 100 questões de múltipla escolha e a segunda 3 questões dissertativas, sendo que as duas partes têm 4 horas de duração.

As inscrições podem ser feitas através do site oficial da CAIA.

CFA

A Chartered Financial Analyst (CFA) é oferecida pelo CFA Institute, nos Estados Unidos, e destina-se a profissionais de investimentos e finanças. O certificado engloba questões como gestão de riscos e conhecimentos mais aprofundados sobre o mercado financeiro.

É muito reconhecida, possuindo grande prestígio no mercado financeiro, também pelo fato de abrir portas para uma carreira de nível internacional. Mas há uma limitação sobre quais profissionais podem obter a certificação, sendo estes da área de IB (Investment Banking), M&A (Fusões e Aquisições) ou consultorias e corretoras.

São, basicamente, três as etapas para alcançar o título de Chartered Financial Analyst: passar nos três níveis do exame CFA, comprovar 48 meses de "experiência profissional aceitável" e, por fim, completar uma declaração de conduta profissional para juntar-se ao Instituto CFA.

Em relação à prova em si, há três níveis. No nível I, são 240 questões básicas de conhecimento e compreensão voltadas para ferramentas de investimento.

Já o nível II enfatiza análises mais complexas, com foco na valorização de ativos, por meio da realização de 20 mini-cases, com seis questões de múltipla escolha cada. Por fim, os exames de nível III requerem síntese de todos os conceitos e métodos analíticos em aplicações para gerenciamento efetivo de portfólio e planejamento de riqueza, por meio de 8 a 12 questões discursivas pela manhã e 10 conjuntos de mini-cases com 6 perguntas de escolha múltipla cada.

Disclaimer: Essa apresentação é um documento de cunho meramente informativo, não configurando análise de valores mobiliários nos termos da Instrução CVM Nº 598, e não tendo como objetivo a consultoria, oferta, solicitação de oferta e/ou recomendação para a compra ou venda de qualquer investimento e/ou produto específico.

Autor

Luan Sperandio, editor-chefe da Apex Partners