Carta do Economista: Cenário com Crise Bancária no Exterior e Incerteza Doméstica

4 de Abr de 2023

O mês de março iniciou com aumento do crescimento nas maiores economias e a expectativa de aceleração no aumento dos juros nos USA. Mas, este cenário foi alterado e dominado pela incerteza, com o começo da crise no setor bancário dos USA. Neste ambiente, a despeito do crescimento, os juros subiram menos nos USA, o valor dos ativos de risco caiu e os preços dos títulos do governo americano subiram forte.

No Brasil, tivemos ainda mais instabilidade com o governo mantendo a crítica ao presidente do Banco Central (BCB) e apresentando o projeto com o novo marco fiscal que não deve ser capaz reduzir o endividamento. Com a incerteza interna e com a instabilidade no exterior, o Ibovespa caiu e os juros futuros subiram.

1.1 - Mercado Externo

Os dados de março continuaram indicando recuperação mais lenta nas economias europeias (Zona do Euro e Reino Unido) e crescimento da China e USA.

Comecemos com a Europa. Na Zona do Euro, o PMI (Índice dos Gerentes de Compras) de manufatura de março teve queda, mas o de serviços teve nova alta. Já no UK, os PMIs de manufaturas e serviços caíram (mas, o de serviços está acima de 50).

Na China, o PMI de março de manufaturas (52.6 para 51.9) teve pequena queda, mas o de serviços (54.4 para 56.3) subiu forte e acima do esperado, sinalizando recuperação. Já a produção industrial e as vendas no varejo em fevereiro aumentaram, embora abaixo do esperado.

Nos USA, os dados continuam a mostrar crescimento em 2023. Em fevereiro, a economia criou empregos (311K), bem acima do esperado (200K). Os PMIs de manufaturas e de serviços de março subiram (sendo que o de serviço já supera 50).  O desemprego aumentou (3.4% para 3.6%), mas continua em níveis baixos para os padrões dos USA.

Mas, no mês de março, tem início de uma crise de desconfiança no setor bancário dos USA (chegando na Europa). Para combater a desconfiança, o Fed volta a comprar ativos (QE), revertendo a política iniciada do ano passado (QT). Outra consequência desta incerteza, foi a redução de crédito pelos bancos, que pode vir reduzir a atividade econômica.

Já a inflação de fevereiro teve quedas na Zona do Euro (8.5%) e nos USA (6% no CPI e 5% no CPE), embora tenha aumentado no UK (10.4%).

Neste ambiente de menor inflação e início de crise bancária, o Fed reduziu o ritmo de aumento dos juros. Mas, as empresas voltaram perder valor de mercado e o retorno dos títulos públicos caíram muito com a busca de proteção pelos investidores.

1.2 - Mercado Interno

Comecemos com os dados com as expectativas do Boletim Focus para dezembro de 2023 e os dados econômicos. A inflação esperada para 2023 é 5.93% (há um mês estava em 5.90%). O crescimento esperado para 2023 está em 0.9% (era 0.84% em fins de fevereiro). Já a Selic esperada para dezembro de 2023 está em 12.75% (sem alteração).

Os dados econômicos continuam sinalizando crescimento em queda no último trimestre de 2022 e neste início de 2023.

O PIB do 4º trimestre de 2022 caiu 0.2. Mas esta queda foi devido à agricultura, enquanto manufaturas e serviços cresceram.  Em janeiro, a produção industrial caiu 0.3%. O PMI de manufaturas (S&P Global) de fevereiro tem alta, passando de 47.5 para 49.2, enquanto o de serviços tem queda, passando de 50.7 para 49.8.

A inflação continua sua lenta convergência para a meta (3.25%em 2023). O IPCA de fevereiro teve alta anual de 5.6% e o IPCA-15 de março teve alta de 5.36%. Além disto, as expectativas de inflação (Boletim Focus) continuam aumentando para os próximos anos. Neste ambiente, o BCB manteve a SELIC em 13.75%. O governo federal reagiu, criticando o BCB e pedindo que o Senado tome as medidas cabíveis contra o presidente do BCB.

Para os próximos meses, as perspectivas da economia brasileira e dos preços dos ativos continuam a depender: (i) do avanço das reformas; (ii) do controle do risco fiscal e inflacionário; (iii) da política monetária nos USA.

O governo apresentou o novo marco fiscal no final de março. Embora possa afastado cenários fiscais piores, o novo marco continua gerando dúvidas sobre a capacidade de gerar redução do endividamento do governo (mantendo a carga tributária). Com isto, aumenta a incerteza. o risco fiscal e tributário, o que tende a reduzir o preço dos ativos no Brasil e aumentar os juros.

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*Economista-chefe da Apex

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