Carta do Economista: Persistência da Inflação e dos Juros Elevados nos USA continuam dominando o cenário

1 de Abr de 2024

Por Arilton Teixeira*

O mês de março repetiu o cenário vivido em fevereiro, com a curva de juros nos USA continuando a abrir. Em sua reunião de março, o Fed (Federal Reserve) e o ECB (Banco Central Europeu) sinalizaram que os juros básicos vão ficar mais tempo no patamar atual. Mas, a despeito dos juros, o solido crescimento dos USA manteve a tendência de valorização das empresas. 

No Brasil, a despeito das expectativas de maior crescimento, da que dos juros e da inflação, o mercado não consegue acompanhar os USA. Mais uma vez, as incertezas internas com tentativas de intervenção na Vale, alteração na política de dividendos da Petrobras e nova rodada de críticas ao Banco Central do Brasil (BCB) levaram a desvalorização das empresas e do real. 

Mercado Externo

No mês de março, a inflação no Ocidente continuou com tendência de queda, apesar da maior persistência nos USA, UK (Reino Unido) e Zona do Euro. Mas, o cenário continuou dominado pelos dados de inflação (CPI) e pela sinalização do Fed (Federal Reserve), de que os juros nos USA vão permanecer elevados por mais tempo do que era esperado. 

Em relação ao crescimento, os dados dos PMIs (Índice dos Gerentes de Compras) de março subindo acima do esperado, o aumento da inflação e da produção industrial também acima do esperado, sinalizam uma aceleração da economia da China. 

Enquanto isto, na Europa, a economia continua com crescimento próximo de zero e os PMIs de manufaturas e serviços de março vieram com sinalização de crescimento opostos. 

Quanto aos USA, não houve alteração no cenário de março. Nos termos do Fed, os dados mostram a economia com crescimento sólido e criação de empregos forte, embora o desemprego tenha aumentado (de 3.7% para 3.9%).  Com isto, o Fed indicou que vai manter a política monetária atual por mais tempo, gerando nova abertura da curva de juros. Mas, a despeito do aumento dos juros, o crescimento dos USA mostraram uma economia mais forte e empresas lucrativas, que mantiveram a tendência de valorização do mercado de ações.  

Mercado Interno

Comecemos com as expectativas do Boletim Focus para 2024. A inflação esperada é 3.75% (era de 3.80% há um mês). O crescimento esperado para 2024 está em 1.80% (estava em 1.75%). Já a Selic esperada para dezembro de 2024 continua em 9.0%.  

Embora continue a expectativa de crescimento menor em 2024 devido a perda de ritmo da agropecuária, os dados de serviços e vendas no varejo vieram acima do esperado, levando um aumento da expectativa de crescimento. O lado ruim dos dados do PIB foi a queda do investimento, além do elevado consumo do governo. 

A inflação continua caindo, embora haja pressão dos serviços. O IPCA de fevereiro teve alta anual de 4.5% e o IPCA-15 de março de 4.14%. Com isto, o BCB reduziu a Selic em mais 0.5%. Mas, não se comprometeu com novas reduções de 0.5% depois de maio. 

Finalmente, o governo federal teve novo aumento de arrecadação em fevereiro, devido aos aumentos dos impostos, o que tende a reduzir o risco fiscal (mas aumenta o risco tributário). 

Mas, a despeito deste ambiente interno de crescimento e queda da inflação, o mês de março teve nova saída líquida de capital estrangeiro do Bovespa, que teve nova queda no mês. Contribuíram para isto os juros nos USA, a instabilidade interna com a mudança da política de dividendos da Petrobras, tentativas de intervir na Vale e novas críticas do presidente ao BCB.  

Para 2024, as perspectivas da economia brasileira e dos preços dos ativos vão depender: (i) da estabilidade política interna e do avanço das reformas; (ii) do controle do risco fiscal e tributário; (iii) da política monetária nos USA. Como vimos em março, as incertezas internas criadas pelo governo geraram queda do valor de mercados das empresas, a despeito do bom momento da economia com aumento da expectativa de crescimento.  

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*Economista-chefe da Apex

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